O Filho do Vento e seu Cavalo de Aço


Sua vida tão intensa,
Sentimentos transbordantes,
Você sempre foi tão real,
Tão verdadeiro!
E seu coração, de menino,
Não sabia guardar rancores,
Fossem de amigos, parentes,
Ou amores,
Seu sorriso logo se abria,
A mágoa partia,
E tudo recomeçava...
Como se jamais tivesse acabado.
Espírito aventureiro, menino...
Se sentia um herói sobre sua moto,
Desbravando as ruas, cabelo ao vento...
Cavaleiro em seu cavalo de aço...
A vida parecia infinita, e você imortal,
Inatingível...
Você se misturava à noite estrelada,
Filho do vento...ventania...
Invencível...
Então...uma noite chuvosa,
O cavalo de aço traiu o cavaleiro,
O tempo se virou contra ele,
O asfalto que você dominava
O recebeu em seus frios braços,
O tempo parou, a velocidade estacou,
E ela...a inominável, impronunciável,
Te levou.
Tantas lágrimas, meu irmão,
Marcaram sua partida...
Partida sem despedida,
O adeus ainda está preso na minha garganta,
Junto com as desculpas que não pude pedir,
Porque se eu soubesse que não haveria o amanhã,
Se eu soubesse que não teria mais tempo,
Não teria dado vazão ao meu impulso de te ferir,
Te magoar...
Com a mais dolorosa e maldita espada:
A palavra.
E nesses 7 anos é tudo o que tenho vivido,
A culpa, o remorso, não sei se pode me perdoar,
Porque eu não posso, não poderei jamais.
Vou seguir com essa culpa, sem desculpas,
Das palavras que disse e que não voltam atrás.
O cavaleiro de aço partiu com todas as honras,
Na despedida, aplausos, lembranças,
A bandeira de seu time sobre seu féretro...
Mas o espírito que naquele corpo habitara,
Não mais ali estava...
Estava perto...bem perto...
Em uma dimensão paralela, mas intangível...
Esteja onde estiver, irmão, você ainda vive...
Vive na memória de todos que te amaram,
Vive no pensamento, nas palavras,
Vive...menino aventureiro e eterno,
Hoje atravessa as nuvens, veloz,
Correndo por entre anjos,
Com seu cavalo de aço, 
E, nos céus, faz um estardalhaço,
Com sua irreverência, sua moto,
Seu rock 'n roll...
Se tornou herói.
Filho do vento...ventania...
Venceste a personagem mais fria,
E viveste além do tangível...
Menino, cunhado, irmão...inesquecível!


Homenagem a J.E.T.F. - *18/05/1972 +22/01/2004
Ele..filho, irmão, marido, genro, pai, cunhado, amigo...ele: imortal.

Comentários

  1. O choro preso na garganta, as lágrimas que tanto derramei agora correm em minha alma!
    Saudades de uma passado q nunca mais voltará!
    Vc foi esplêndida, Renata... eu só não qria ter q reviver toda aquela dor
    Bela homenagem, pode se perdoar, pq ele n guardava mágoas e já te perdoou!
    Ele segue o caminho dele em paz e um dia todos estaremos juntos novamente

    ResponderExcluir
  2. *Betinha: obrigada pelo elogio e, de fato, sei que ele perdoou, Deus também perdoou...é o outro processo, de auto-perdão, que ainda está sendo um pouco difícil, mas, ainda chego lá!
    Claro que nos reuniremos e, confesso, que esse é um momento pelo qual espero, vai ser a finalização das minhas missões enquanto espírito em constante evolução.

    *Rafa: Obrigada! Eu estava devendo essa homenagem há anos!
    A primeira que fiz, ainda em 2004, se perdeu com o meu 1º PC. Fiz a segunda e postei no forum Dark Poems, mas, um belo dia o fórum foi deletado, ontem bateu a inspiração e resolvi recriar "Cavalo de Aço" (título original), mas, resolvi tirar o toque absoluto de tristeza das primeiras, mudar o título, adicionando uma variante do apelido do meu cunhado (Ventania) e dar um toque de esperança no texto!
    Que bom que gostaram! :)

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