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Mostrando postagens de dezembro, 2009

Yo Volverei

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longe da minha terra, sou caminhante sem rumo, árvore sem raiz. longe de meu povo, longe de minhas canções, sem meu bailado, sem o calor da salamandra e o gosto do vinho em meus labios, uma cigana solitária, sem ter onde quedar-se, quem eu sou?  eremita perdida em suas andanças, os passos que perdem-se no vazio do espaço, a solitude acompanhada pela saudade. cigana... bailando no vácuo do silêncio... nada sou... magia que dissolve-se no infinito, olhar perdido no horizonte, o desejo do regresso, a certeza da volta...um dia... quando voltarei? pessoas que me esperam, companheiros de caminhada, a caravana que aguarda a volta da filha amada. cigana... zíngara... gitana... eu vou, mas volto, a dor que me acompanha se desfaz na certeza, que não me deixa, de que sei onde é meu lugar. a vida que caminha em círculos, mas ao ponto de partida acaba por voltar. peregrina... a filha que partiu,  mas, um dia, vai regressar.

Conto: A Carta

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          Olá,como tem passado?    Espero que bem, porque, quanto a mim, tenho vivido minha vida...inclusive é o que tenho feito nesses últimos 12, quase 13 anos, de um jeito ou de outro.    Tenho acompanhado seus passos, principalmente nos 8 primeiros anos, quando eu ainda o sentia tão presente e me sentia, ainda, tão vinculada a você.    Vi que tentou buscar outros amores, vi que se decepcionou, vi quando tentou de novo e, ainda posso ver, você está em mais uma tentativa, a qual não compreendo, mas, também, não creio que vá te levar a algum lugar.    Você foi meu primeiro namorado, meu primeiro amor, de fato, e, sei, sei porque ouvi muito de você: eu fui seu primeiro grande amor!    Em uma época em que éramos, apenas, praticamente, duas crianças, inconseqüentes e cheias de sonhos, criando um mundo utópico, onde havíamos, apenas nós dois...apenas eu e você...e as inúmeras cartas que eu escrevia e as canções que você tocava ao violão, dedicando-as a mim...nós,tão jovens e ide

Conto-Sol e Lua

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      T udo começou naquele exato momento em que ela cruzou aquele portão e o viu...era uma ensolarada tarde de outono, ele estava parado junto a uma fonte, o sol fazendo brilhar seus cabelos e queimando sua pele bronzeada...calça clara, sem camisa...os cabelos presos...tal visão a perseguiria pelo restante de seus dias.       O primeiro impacto foi o de parar, ali mesmo, no portão, e contemplá-lo, estática, muda, como se o tempo tivesse parado naquele instante, como se o mundo estivesse em suspense, esperando o próximo passo...      Ali, naquele momento, ela teve certeza: o queria, o amaria...por toda a sua vida, não importando o que pudesse acontecer.     Ela adentrou o local e, a cada passo que dava, não conseguia desprender os olhos dele...para onde ele ia, seus olhos o seguiam, todos com ela falavam, mas sua mente estava presa na presença daquele homem...todo o seu ser pedia por ele, o exigia...seu olhar a hipnotizava, até mesmo seu jeito despojado, despreocupado, seu caminhar

Simplesmente, Amor

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fecho meus olhos, para ver-te em meus pensamentos. abro meu coração para encontrá-lo, lá dentro, entre saudades e um amor que persiste e não me abandona jamais. volto a um tempo, onde eu o via bailando, olhos brilhando na noite, seu corpo movendo-se, seduzindo-me, um tempo em que eu o tinha, ainda que pela metade, de alguma forma, ainda era meu. nunca quis exigir nada, jamais pedi que se decidisse, aceitei o que me oferecia, ainda que fosse um final de noite e seu coração dividido por duas. ainda assim, eu o possuí... não pretendo que se decidas, não pretendo que a deixe, apenas quero que permita que eu seja os braços que te acalentam, que me deixe enxugar suas lágrimas, que encontre em mim o conforto, que sua tormenta o faz necessitar. não pretendo ser a lua que ilumina suas noites, apenas quero ser a estrela que guia seus passos. não pretendo ser seu maior sonho, apenas quero sentir-me feliz, ao vê-lo realizando seus desejos. não pretendo s

Crônica-Rendición

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Ela sente como se não pudesse dizer não, como se jamais pudesse se recusar a atender a qualquer pedido que ele faça. É impressionante o poder que ele tem sobre ela...como sua voz, seus olhos, seu desejo a possuem...o desejo dela confunde-se com seu desejo, o querer dela mescla-se com o seu querer...uma estranha simbiose que a mantém fascinada por esse homem. Mesmo após o físico ter se transformado em platônico, mesmo quando o contato de ambos se dá de forma mais virtual do que real, mais espiritual do que material...ela sente seu magnetismo à distância e, em seu olfato, o cheiro dele, máscula essência, que a subjuga. Instinto...domínio...posse...querer sem possuir...ter, sem exigir mais do que se consegue... A qualquer momento, durante o dia, ou durante a noite, ela chega a sentir sua presença, tão real, concreta e palpável, quase como se pudesse tocá-lo...e isso a enlouquece, a tortura, porque ela sabe que há muito mais coisas que se interpõem a ambos do que coisas que poderiam

Crônica-Cismas

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Ela queda-se em cismas, enquanto seus dedos correm o teclado transformando em palavras tudo o que ela sente. Depois de tanto tempo escondendo-se em sua complexidade, ela começa a sentir-se perdida, sem saber, exatamente, para onde ir. Em seu coração, guardado como um tesouro, um sentimento que nunca a deixou, que a pegou de surpresa, um dia, mas ali montou seu acampamento...coração cigano, alma cigana...evidentemente, amor cigano. Ela busca na tela do monitor imagens daquele que, um dia, fora tão real e concreto para ela. Naqueles tempos, bastava estender suas mãos e ela poderia tocá-lo, uma palavra de consentimento e ele poderia possuí-la. Ele que tomou posse de seu ser, sua mente, seus pensamentos, sua alma...olhos que ela ainda vive a buscar, beijos que ela anseia por sentir novamente...ele...totalmente senhor da vida dela. Ela sente que não poderá resistir e essa rendição dá-lhe uma sensação de impotência, desespero...uma paixão avassaladora que mais dói do que consola...