O Fim

Ela o abraçou bem forte
Como se quisesse puxá-lo para dentro de si,
Na tentativa de fundir seus corpos em um só,
Em uma forma de guardá-lo em seu ser.
Mas os braços dele, inertes, ao longo do corpo,
E a frieza que dele emanava,
Ardiam em sua alma,
Como um estranho paradoxo que se criou
Naquele momento singular.
Sabendo ser aquela a partida,
Ela lutou contra a antítese que se formou,
O desejo insano de que ele ficasse,
Associado à certeza de que o melhor
Era que partisse...ela já não sabia.
Toda uma história, como um filme dramático,
Passou em sua mente...toda uma vida,
Momentos...
...não era como se ele estivesse partindo,
Era como se sua vida, junto àquele amor,
Estivesse se esvaindo...
Ela quis gritar, ela quis fincar as unhas em sua pele,
Maldizê-lo, atingí-lo, ferí-lo, expulsá-lo...
Ela quis explodir a muralha que havia em volta dele,
Fazê-lo reagir, 
Ser uma pessoa de verdade, 
Com sentimentos.
Mas, ela só conseguia verter silenciosas e dolorosas lágrimas.
Como um bolero clichê, uma poesia de rimas baratas,
Um melodrama desgastado...
...ela queria matá-lo dentro de seu peito 
e sentir-se morrer junto...
...tão perfeito: aquela que ela fora para ele,
Junto àquele que ele nunca pôde ser para ela...
...ambos unidos, estranhamente, em suas pequenas tragédias.
Ela sabia que aquele era o começo do seu inferno,
Ela precisava se lançar naquele abismo e enfrentá-lo,
Um inferno de desdém, frieza, desamor...
...ela precisava morrer um pouco para reviver depois.
Ela precisava morrer em cada verso
Da primeira e única poesia que escreveu para ele...
...ambos morreram nessas linhas.
E em outras linhas, outras poesias,
Algum dia, quando tudo passasse,
Ela ainda haveria de renascer,
Último paradoxo...cíclico...
...onde o começo vem a partir do fim.


"For this is the beginning
Of forever
And ever

It's time to move over
So I wanna be

I'm so tired of playing
Playing with this bow and arrow
Gonna give my heart away..."
-Glory Box - Portishead


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