Éramos Dois



O problema é que a gente fica tentando contemporizar, jogar com o tempo, adiando decisões, enfim...empurrando com a barriga.
A gente sabe e está vendo que...digamos assim..."tal ciclo" acabou, não tem mais volta e qualquer tentativa na direção contrária ocasionará resultados desastrosos, perda de tempo, além de denotar uma clara fuga da realidade. 
Os olhos não querem ver, o coração arranja desculpas, o cérebro se recusa a decidir...afinal, "podemos ser amigos" ou "vou deixar a vida me levar" são desculpas que nos poupam de sermos taxativos e darmos um basta no que se desgastou, de liberar o armário das roupas velhas, que já não nos servem, para dar espaço às roupas novas que virão.
Entenderam? Deixar partir o que já esgotou o prazo de validade e se abrir para o novo.
Mas eufemismos e negações são inerentes ao ser humano e, junto à insegurança, ao conformismo, ao apego à zona de conforto, o revestem com uma falsa defesa que se propõe a esconder seu medo do desconhecido. " Deixa assim como está... "
Mas, aí é que está! Ledo engano! Isso só nos enfraquece mais, nos rouba a coragem, nos sublima e nos destrói.
Sempre chega o momento de dar um basta, de encarar a realidade, doa o que doer. Afinal, meus amigos, são duas máximas que sempre sustentei:
O remédio mais amargo é o mais eficaz,
E
Antes a punhalada, que mata de uma vez, do que o veneno que vai nos matando aos poucos.

O mais é como aquele conceito indiano: Maya. É pura ilusão.







"De repente do riso fez-se o pranto

Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto

De repente da calma fez-se o vento

Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama

De repente não mais que de repente

Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente


Fez-se do amigo próximo, distante

Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente."

(MORAES, Vinícius de. - Soneto de Separação)

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