Peregrinos (Entre "A Outra Parte" e "O Zahir")



Vai, vai de encontro aos seus sonhos,
Busca sua estrada, segue seu caminho,
Há, sempre, o momento de deixar partir...
Vai, preciso me reencontrar, me redescobrir,
Em algum momento entre nós eu me perdi...
Entre eu e você, me tornei "nós".
Deixamos de nos ver, de nos sentir,
Nos acomodamos em nossas histórias,
Na tentativa de ser marcante para você,
Deixei que você marcasse demais para mim.
Eu sempre soube o que sentia por você,
Mas, precisava que você descobrisse
O que sentia por mim,
Eu olhava em seus olhos e já não me via,
Nossas histórias não mais coincidiam,
E, de repente, não pude mais sentir seu abraço,
Nossa relação acabou antes de dizermos "Adeus".
Era preciso...era preciso que eu te deixasse ir,
Que eu te dissesse o que calava em você,
Tive que sufocar, na despedida, 
A esperança de te ter para sempre.
Eu te pedi para ir embora, esperando que ficasse.
Joguei com todas as minhas fichas, apostei na sorte,
Fiz um blefe e perdi...
Mas, eu precisava arriscar e te deixei partir.
Tive, em você, minha "outra parte",
meu amigo, meu amor, meu pensamento,
Oscilei entre a sanidade e a loucura,
Tentei te encontrar em outros beijos,
Enquanto você se perdia em outros braços,
Fui ao inferno e voltei,
Decidi trancar meu coração, com você dentro.
Não mais te teria, mas, você seria
O escudo que impediria outra ferida de se abrir.
Subestimei meus sentimentos até a saudade falar mais alto,
Foi então que tive que lutar comigo mesma,
E venceu o sentimento que tanto evitei,
Tomei a minha decisão, fui aonde você estava,
Te encontrei.
Foi ali mesmo, aninhada em seus braços,
No abraço sem beijo, só saudade, sem malícia,
Que compreendi nossa trajetória.
Te deixo seguir, continue seu caminho,
Aninhe-se em tantos braços quanto desejar,
Beije todas as bocas que quiser beijar,
Busque a si mesmo enquanto se perde,
Pois, hoje, somente hoje, mergulhei em sua história,
Revivi suas dores e vi a vida pelo seu ângulo,
Siga, conforme sigo...uma hora nossas retas se reencontram...
Hoje a vida sofreu uma reviravolta
E a verdade caiu sobre mim:
Vai, enquanto te espero...como sempre esperei...
Aqui, vou estar, quando você resolver voltar,
Tantas voltas a vida deu,
Tantos enganos levei para descobrir,
Que minha "outra parte", você,
Não poderia ser nada mais além
Do meu verdadeiro Zahir.



"A idéia do Zahir vem da tradição islâmica e quer dizer visível, presente, incapaz de passar despercebido. Algo ou alguém que, uma vez que entramos em contato, termina por ir ocupando, pouco a pouco, nosso pensamento, até não conseguirmos nos concentrar em nada mais. Isso pode ser considerado santidade ou loucura." - Faubourg Saint-Péres

Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Reflexões

Vem!

Caroline (Sobre A Princesa e A Boneca de Pano)