Minha poesia
Minha poesia é carne.
É mais que espírito,
É matéria.
É mais que amor,
É desejo.
É mais que o beijo
Dos namorados,
É como o encontro
Dos amantes.
É mais que promessa de amor,
É súplica, é a palavra impensada,
Dita nas horas de desespero.
Meu ser não se inflama,
Explode de paixão.
O coração mais que ama,
O corpo arde, em meio à explosão.
Não é sonho, sem despertar,
É noite insone, na cama a rolar,
No travesseiro a cismar,
Na escuridão a amar.
É a estrela inatingível,
O sonho inalcançável,
É a alma incansável,
É a frase impensável,
A proposta irrecusável.
É a brisa que me afaga,
Sem sentir.
A alegria que me assalta,
Sem sorrir.
É o desejo que me é concedido,
Sem pedir.
O pecado que me é perdoado,
Sem remir.
Minha poesia é fogo
Que não consome,
Chama que não arde,
Calor que não abrasa.
É martírio desejado,
Sacrifício provocado,
Sofrimento procurado,
Castigo inacabado.
Meu verso supera
Corpo e alma,
As frases transcendem
Espírito e perispírito,
A poesia ultrapassa
Todos os limites
do Universo infinito.
É matéria sem forma,
É palavra não pronunciada,
Amanhã não vislumbrado,
Ela existe...sem existir.
(antiga "Meus Versos" - 1997)
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